Os primeiros embarques comerciais de carne suína catarinense rumo ao Japão deixam o Estado neste final de semana. BRF e Seara serão responsáveis pelas primeiras cargas, previstas para desembarcarem no Japão no final de agosto.

A carga da BRF sairá do Porto de Itajaí neste domingo, 14. São cortes de filé de lombo e sobrepaleta de lombo (copa) que foram produzidos na unidade de Campos Novos (a quantidade não foi divulgada). A encomenda foi feita pela Mitsubishi, um dos maiores players do setor de carne que atua no Japão. A relação comercial entre a empresa japonesa e a BRF começou no final da década de 1990 e se consolidou nos últimos três anos, com o fornecimento de cortes de frango.

A carga da Seara, com 21 toneladas de carne suína in-natura, sairá do Porto de Navegantes neste sábado, 13. Os produtos embarcados foram produzidos no frigorífico da cidade de Seara. Segundo comunicado da empresa, o forte relacionamento com importantes clientes locais, como o McDonald’s, e a reconhecida qualidade de seus produtos foram fundamentais para que o embarque pudesse ser feito em pouco mais de um mês após a habilitação.

Oito frigoríficos de cinco empresas foram habilitados a exportar carne suína ao mercado japonês nesta etapa. Além da BRF (com as unidades de Campos Novos e de Herval D’Oeste) e da Seara (unidades de Seara e de Itapiranga), foram liberados os frigoríficos da Pamplona (Rio do Sul e de Presidente Getúlio), da Aurora (Chapecó) e da Sul Valle (São Miguel do Oeste), que também preparam seus embarques.

A entrada da carne suína catarinense foi autorizada pelo governo japonês em maio deste ano. Em junho, o governador Raimundo Colombo esteve em Tóquio para oficializar a parceria histórica. Antes dos embarques comerciais, a BRF já havia enviado, por avião, um lote de cortesia que foi servido em jantar para a comitiva catarinense na Embaixada do Brasil no Japão.

Santa Catarina já é o maior produtor nacional de carne suína, respondendo por um quarto do total produzido no país. Da média de 800 mil toneladas produzidas por ano no Estado, o mercado internacional consome cerca de 200 mil toneladas. O Japão é o maior importador de carne suína do mundo, comprando o equivalente a 1,2 milhão de toneladas por ano. A expectativa do Governo do Estado é de que, em uma primeira etapa, Santa Catarina responda por 10% desse mercado, ou seja, cerca de 120 mil toneladas. O montante representaria um ganho da ordem de 60% nos embarques de carne suína de Santa Catarina para o exterior.

O governador Raimundo Colombo lembra que as empresas catarinenses já estão situadas e bem consolidadas no Japão, porque já vendem carne de frango naquele mercado. “Então, a estrutura de logística e de marcas já existe e é reconhecida pelos japoneses”, destaca. Hoje, 90% da carne de frango consumida no Japão é brasileira, sendo que cerca de 60% é catarinense. A expectativa do Governo do Estado é de que quem já compra carne de frango também passe a comprar a carne suína.

A importância do Japão

A liberação do mercado japonês foi um longo trabalho, iniciado em 2006, e que, nos últimos anos, contou com o empenho do governador Raimundo Colombo nas negociações, em parceria com os órgãos do governo federal e das próprias indústrias.

O Japão é o maior importador de carne suína do mundo, com o diferencial de que os japoneses pagam melhor do que os outros países porque compram cortes específicos e de valor agregado (sem osso) e fazem contratos de longo prazo, o que vai garantir estabilidade para a suinocultura catarinense. Trata-se também de um mercado que é referência internacional no setor. Ou seja, o aval dos japoneses deve agilizar a negociação para venda de carne suína catarinense para novos destinos, como Coreia do Sul e União Europeia, que já estão em negociações com o Governo do Estado.

Status diferenciado

Historicamente, os japoneses só importavam carne suína quando todo o país de origem possuía o status de área livre de aftosa, mas foi aberta uma exceção para os catarinenses, diante da qualidade do trabalho sanitário – Santa Catarina é o único Estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação e o governo catarinense mantém uma barreira sanitária em cada fronteira do Estado (são 67 em operação atualmente).

A última ocorrência de febre aftosa em Santa Catarina foi em 1993. O Estado suspendeu a vacinação em 2001 e em 2007 garantiu a certificação com área livre de febre aftosa sem vacinação, emitida pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).

Fonte: governo de SC