Entre janeiro e abril de 2019, Santa Catarina exportou US$ 794,3 milhões em carne suína e de frango, o que representa R$ 3,1 bilhões, segundo dados divulgados nesta semana pela Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca. Isso significa um aumento de 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o valor foi de US$ 671,5 milhões.

A carne de frango corresponde à maior parcela das exportações. Em abril, foram 82 mil toneladas, que totalizam US$ 149 milhões, um acréscimo de cerca de 40% em relação ao mesmo mês de 2018. Nos primeiros quatro meses de 2019, foram 325 mil toneladas – aumento de 16% se comparado com o mesmo período do ano passado. Já o valor total subiu 19% – foram US$ 580 milhões de janeiro a abril.

Os três maiores compradores deste tipo de carne incrementaram as compras em mais de 50% em abril: Japão, Holanda e Emirados Árabes. Também houve aumento de 38% para a Europa no quadrimestre. De acordo com o analista de carnes do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Alexandre Giehl, esse aumento para países europeus tem relação com o embargo ocorrido no ano passado, quando alguns frigoríficos foram suspensos.

A partir de abril houve queda nas vendas para a Europa, que posteriormente foram retomadas por outras empresas ou outras unidades das mesmas empresas. Também tivemos um aumento nos dez principais destinos. Além do aumento de 51,1% do Japão, em valor, tivemos a Rússia, que ampliou em mais de 1.000% o valor importado, na comparação de abril deste ano com abril do ano passado – compara Giehl. O aspecto negativo, para ele, foi a redução de 88% nas vendas para o México no mês passado.

Demanda chinesa aquece suinocultura

Na carne suína, houve crescimento de 36% em abril, com 27 mil toneladas e US$ 56 milhões. No acumulado do ano já são 111 mil toneladas e US$ 213 milhões, aumento de 15% em faturamento e 22% em volume. Alexandre Giehl destacou a participação de dois países asiáticos.

Destaca-se o crescimento dos embarques para a China e Hong Kong. Vale lembrar que a China atravessa uma seríssima crise na suinocultura, em função de mais de uma centena de focos de peste suína africana. Os dois países representam mais de 57% das vendas de carne suína em abril. Também merece menção a retomada dos embarques para a Rússia, que em abril foi o quarto principal destino da carne suína catarinense – reforça Giehl. Entre dezembro de 2017 e novembro de 2018, a Rússia suspendeu as compras do Brasil.

Giehl ponderou que o lado negativo apontado pelo recente relatório do governo do Estado foi a redução das compras da Argentina, de 40% no mês passado e 20% no acumulado do ano, devido à crise econômica do país vizinho. Mas a perspectiva é de bom ano devido à demanda chinesa.

O secretário de Agricultura do Estado, Ricardo de Gouvêa, destaca que o avanço nas exportações é resultado da qualidade das carnes produzidas no Estado, que em status sanitário diferenciado, sendo o único com certificado internacional de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Hoje, as carnes produzidas em Santa Catarina podem ser encontradas nos mercados mais exigentes do mundo, como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Existe um grande esforço dos produtores rurais, iniciativa privada e governo do Estado para mantermos essa excelência, mas tudo isso vale a pena. Estamos cuidando da alimentação de famílias espalhadas por vários países, produzindo carnes de qualidade, com um preço competitivo e ainda por cima gerando riquezas para o nosso Estado – defende o secretário.

Comemoração, mas com cautela

Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, o momento é bom, mas requer cuidados.

Uma quebra de 10% na produção chinesa representa 5,7 milhões de toneladas, que é mais do que a produção inteira do Brasil, de 3,6 milhões de toneladas. Isso gera investimento em produção, mas o setor está com muita euforia. É necessário fazer o dever de casa e cuidar da manutenção da sanidade dos nossos rebanhos. A peste suína estava na Ásia, já deu na África e pode chegar aqui – disse Barbieri.

Ele sugere uma campanha de esclarecimento para as pessoas que viajam para a China terem cuidado em desinfectar roupas e calçados no retorno ao Brasil.

O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio de Lorenzi, disse que o momento é de recuperação do setor, que vem de anos com prejuízo em que os produtores contraíram dívidas.

O momento é bom, o preço do suíno aumentou no mercado inteiro, os custos do milho e farelo de soja baixaram, o produtor está tendo lucro, mas precisa tomar cuidado com a sanidade dos animais.

Ele defende que é necessário aumentar a vigilância em portos e aeroportos para evitar que a doença chegue ao Estado.

Fonte: Diário Catarinense