O site FoodNavitator publicou nesta semana uma extensa reportagem destacando a volta por cima, embora com cautela, do setor de alimentos do Brasil. À medida que o Brasil emerge lentamente de seus quatro anos de recessão – o pior da história do país, dizem os economistas – surgem oportunidades de crescimento no setor de alimentos e bebidas.

Mesmo assim, o ambiente continua desafiador, diz o diretor L.E.K. Consultoria em São Paulo. “Estamos vivendo agora num país tentando sair do ambiente de baixo crescimento, especialmente no setor de alimentos”, disse Fernando Fernandes à FoodNavigator.

Os primeiros sinais da volta do crescimento do Brasil vieram com o PIB em torno de 1% no ano passado e crescimento esperado entre 1,9% e 2,1% nos próximos dois anos, de acordo com o FMI – Fundo Monetário Internacional.

Os efeitos persistentes da recessão econômica ainda são significativos para muitos consumidores. Apesar da diminuição das taxas de pobreza no Brasil, ainda há muito debate sobre o que distingue a “classe média” de consumidores, “anteriormente pobres”, com aqueles que subiram acima da linha de pobreza nos últimos anos.

“O Brasil é um país de enormes disparidades – não temos uma significativa classe média”, disse Fernandes. Um estudo etnográfico e quantitativo de 2018 com pessoas que vivem em áreas urbanas densas como São Paulo, uma cidade de 12 milhões de habitantes, descobriu que “quase ninguém falava da ‘nova classe média’ em 2016 ou 2017 e muitos cidadãos ainda gastam a maior parte da sua renda com alimentos”.

O imposto sobre vendas da maioria dos alimentos nas principais cidades brasileiras fica em torno de 17%, um pesado ônus monetário para muitos brasileiros. Em comparação, o maior imposto sobre vendas dos Estados Unidos está um pouco acima de 10%.

Como resultado, os consumidores de baixa renda, que não têm o luxo de comprar alimentos frescos várias vezes na semana, aumentaram a ingestão de alimentos processados, segundo Fernandes.  “Cerca de 60% do mercado é composto por pequenas lojas independentes, espalhadas por todo o país”, disse ele. “Elas têm como característica um ambiente aconchegante e relacionamento pessoal com o cliente.”

Proprietários destas pequenas lojas também conseguiram sobreviver a um ambiente de varejo deprimido, em parte, com formas informais de crédito com clientes, muitos dos quais podem não ter um cartão de crédito ou conta bancária formal, segundo Fernandes.

Embora muitos consumidores brasileiros tenham acesso facilitado a produtos frescos e proteínas animais saudáveis, os altos preços dos alimentos continuam sendo um problema para a maioria dos consumidores. De acordo com a Mintel, a maioria dos consumidores observou o preço como um dos principais fatores para decidir onde comprar e eles estão cada vez mais procurando opções melhores – embora 83% dos consumidores concordem que vale a pena gastar mais em alimentos saudáveis.

Equipe Suino.com

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