Um encontro científico, conjuntural e político, o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs 2019) traz discussões estratégicas sobre o mercado de proteína animal. Por isso, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) não poderia deixar de marcar presença no evento, que acontece em São Paulo, desde a última terça-feira (27/08) e vai até quinta-feira (29/08).

No primeiro dia de evento, a ABCS, em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e com o apoio da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), realizou o Simpósio “Alternativas para mitigar as crises do mercado de suínos”.

Cerca de 80 pessoas participaram do debate com especialistas de mercado e puderam conhecer formas de gestão aliadas à sustentabilidade, condições para o acesso das agroindústrias ao mercado internacional, o cenário do mercado de grãos e obter informações sobre a formulação de preços ao produtor. Na ocasião, houve também a apresentação do Consórcio Suíno Paulista sobre a bolsa de suínos de São Paulo, realizada pelo presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Júnior.

A conferência teve início com a participação do presidente da ABCS, Marcelo Lopes, que abriu a programação do simpósio com a palestra “Muito além da produtividade, o tripé da sustentabilidade econômica da suinocultura: exportação, mercado de grãos e mercado interno”. Marcelo abordou o panorama da produção de suínos quanto ao mercado mundial e ao mercado interno, apresentando também o trabalho da ABCS ao longo de 64 anos em prol da suinocultura e as ações da associação frente aos atuais desafios.

“Temos orgulho da nossa trajetória e seguimos trabalhando para que a produção de suínos evolua cada vez mais. Por isso, eventos como este são extremamente importantes para que os agentes da cadeia saibam identificar oportunidades e ameaças no mercado e a partir disso, possam criar estratégias para enfrentar os obstáculos”.

Influência da economia na gestão da suinocultura

O médico veterinário e consultor da ABCS, Iuri Machado, foi um dos palestrantes no encontro. Ele tratou da mudança da dinâmica do mercado de insumos (milho e soja) no Brasil nos últimos anos e da tomada de decisão dos suinocultores levando em conta a evolução dos preços dos grãos e dos custos de produção. “A alimentação representa em torno de 70% do custo de produção dos suínos e ter estratégia na compra dos grãos é fundamental para a sustentabilidade econômica da suinocultura. Produzir suínos é transformar grãos em carne, portanto é preciso ter estratégias para comprar os insumos na baixa”.

Iuri ainda explicou sobre os principais critérios a serem considerados para projetar cenários no mercado de grãos. “Informações da safra norte americana e da demanda chinesa são importantes para projetar o preço do grão no mercado interno. Informação de clima, oferta e demanda interna e externa e estoques, e conhecer o próprio custo de produção são fundamentais para se estabelecer estratégias na compra de insumos que garantam rentabilidade na atividade”.

Outro tema em destaque no Simpósio ABCS foi a formulação de preços ao produtor. O consultor da Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (Assuvap), Alvimar Jalles, compartilhou com os presentes informações sobre como funciona o processo. “A discussão serviu para ilustrar o estilo de raciocínio e de reflexão que a gente faz a respeito do mercado, quais as forças que atuam e determinam a formação de preço. E isso contribui para que o produtor saia de uma posição tradicional de um sujeito passivo no mercado e assuma o seu papel estratégico na sua comercialização para que ele mesmo melhore as suas escolhas”.

Ao final do encontro, houve também o debate com foco no mercado externo da produção suinícola. Na discussão, o chefe da divisão de inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Dipoa/ Mapa), Fernando Fagundes, o diretor comercial da Alibem, José Roberto Goulard, além do engenheiro agrônomo e debatedor do painel, Odilson Ribeiro, deram orientações e apresentaram as perspectivas para acessar o mercado globalizado visando ampliar as exportações brasileiras.

Para Rui Vargas, Vice-Presidente e Diretor Técnico da ABPA, o evento representou uma união estratégica para a cadeia produtiva. “Fizemos uma avaliação do que estamos passando, do que podemos passar e do que já passamos em termos de produção de carne suína, exportação e mercado interno. O suíno brasileiro fez um caminho muito bonito no decorrer desses anos e hoje é o quarto maior produtor e o quarto maior exportador. Acho que tem muita coisa para fazer e atingir dentro daquilo que estamos nos preparando. Mas, acho que estamos de parabéns, porque a cadeia está organizada”.

Fonte: ABCS