Os descontos feitos pelas empresas compradores de soja nos valores pagos aos produtores após a classificação de grãos têm sido um tema caro para sojicultores e exige soluções para evitar prejuízos maiores ao país, segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa.

Só em Mato Grosso, a falta de padronização e de regras claras para a classificação de grãos provoca prejuízos de R$ 3,1 bilhões por safra aos produtores, segundo dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (IMEA).

“A Aprosoja já contabiliza os prejuízos. Há problemas com a calibragem de aparelhos”, afirmou Rosa, ao lembrar que está sendo discutida, no Ministério da Agricultura, uma solução para a regulamentação de grãos considerados fermentados. “Até onde os fermentados representam um problema de receita para o adquirente?”, questionou.

O tema foi debatido durante do 1º Encontro do Observatório de Negócios Digitais para a Agricultura, evento promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.

“É um tema importante para produtor. A classificação é um tema caro e gera desgastes para os dois lados. Precisamos evoluir”, acrescentou Fabrício Rosa.

Qualidade

Ao defender a modernização do processo de controle de qualidade da soja comercializada, o executivo lembrou que o sojicultor enfrenta grandes desafios em relação ao manejo da soja, como a curta janela para plantar e colher e a falta de logística.

“A Aprosoja incentiva aos produtores a construírem armazéns em nível de propriedade para reduzir perdas na classificação e ganhos de eficiência na colheita e deixar de armazenarmos a soja em caminhão. E dentro da propriedade, se tem muita chuva, problemas de umidade e defeitos virão. Isso precisa ser levado em consideração”, ressaltou.

O diretor executivo da entidade defende investimentos público e privados no desenvolvimento de um novo sistema de classificação baseado em tecnologia disponível em outros países. Segundo ele, a cadeia da soja tem faturamento de mais de R$ 100 bilhões. “Se uma diferença para mais ou para menos fosse de 1% na classificação representaria um impacto de R$ 1 bilhão. Portanto, não se pode dizer que não impacta no faturamento do produtor ou da trade”, concluiu.

 

Fonte: Aprosoja Brasil