O mercado da soja no Brasil registra uma semana mais curta, com feriados nos EUA nesta segunda-feira (31) e aqui na quinta-feira (3) e o ritmo dos negócios ficou ainda mais lento, segundo relatam analistas e consultores. “Ninguém fazendo negócios, a semana no Brasil será terça e quarta só”, resume Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.

Os participantes do mercado tiram o dia para refazer suas estratégias, repensar seus negócios e acompanhar a movimentação na Bolsa de Chicago nos próximos dias.

“Deveremos ter negócios neste começo de junho, com tendência de seguir na linha da leve baixa e acomodação em patamares um pouco menores porque o clima nos EUA dá sinais de que seguirá bem. O dólar mostra pouco fôlego por aqui, já que as notícias internacionais têm sido positivas, o que traz apelo negativo para a moeda americana frente às demais moedas”, complementa Brandalizze.

O Brasil ainda conta com aproximadamente 40 milhões de toneladas de soja da safra 2020/21 para serem comercializadas e, como afirmam consultores e analistas de mercado, os produtores deverão ter ainda boas oportunidades de vendas nos próximos meses, inclusive pela demanda interna no segundo semestre.

E no segundo semestre, não só as indústrias nacionais buscarão mais soja, como o início do período ainda pode trazer boas oportunidades para a exportação brasileira, com a oleaginosa podendo alongar seu período de competitividade frente à norte-americana. E esse será um ponto muito monitorado pelo mercado na Bolsa de Chicago.

“A demanda da China será atentamente acompanhada, a qual esse ano se apresenta muito mais lenta em relação ao ano passado. Além disso, a concorrência com o Brasil durante o segundo semestre do ano deverá ser muito mais intensa, fruto da oferta maior no Brasil e a redução do apetite por novas compras nos portos brasileiros para embarques de junho e agosto”, explica a equipe da Agrinvest Commodities.

Nesse ritmo, ainda segundo a consultoria, “essa soja que o Brasil deixou de vender desde então deverá ser comercializada mais a frente, abrindo duas possibilidades: janela de exportação entre agosto, setembro e, possivelmente, em outubro também, e janela entre janeiro e fevereiro, com soja das safras velhas do Paraná e do Rio Grande e da nova de Mato Grosso”.

Essas perspectivas já vem reforçando tais sinais diante das vendas fracas da safra 2021/22 de soja dos EUA para a China. Há cinco semanas a nação asiática não aparece como compradora da commodity norte-americana no mercado norte-americano.

Nas três semanas de maio já contabilizadas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou mais de 12,6 milhões de toneladas, contra pouco mais de 14 milhões de todo maio de 2020. No acumulado do ano, são 46,5 milhões de toneladas de soja em grão já embarcadas, contra 41,5 milhões do mesmo período do ano passado, registrando um volume recorde.

Em todo complexo soja, os embarques brasileiros já chegam a 53,2 milhões de toneladas, enquanto no ano passado, nesse mesmo período, eram 48,5 milhões.

Comportamento da demanda chinesa

O comportamento da demanda chinesa tem chamado muita atenção do mercado neste momento, principalmente em função das margens de esmagamento muito ajustadas no país. Na primeira metade do ano comercial 2020/21 dos EUA, a nação asiática fez boas compras de soja e ajudou a puxar os futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago de forma bastante consistente, ajudando as cotações a alcançarem, recentemente, suas máximas em nove anos.

Somente no acumulado deste ano, o contrato novembro registrou um ganho acumulado de 27%. O mesmo se deu para o milho – com alta acumulada de 50% – diante de uma demanda ainda mais intensa e os chineses marcando volumes recordes níveis de importação do cereal.

Todavia, esse ritmo de compras de soja veio perdendo força diante de um período de dificuldades vivido pela suinocultura local. “Há uma queda nas margens do setor de suínos, uma tendência de ampliação do uso de cereais com maior teor de proteína e também um aumento da oferta interna de grãos substitutos, via leilões do governo”, pontua a Agrinvest ao explicar sobre a menor demanda chinesa por soja.

E a consultoria complementa ainda relatando que as vendas de farelo de soja se mantém baixas no país, o que mantém os estoques do cereal confortáveis e promove uma redução do esmagamento.

“As vendas semanais de farelo de soja chegaram a crescer na semana passada para 1,1 milhão de toneladas contra 660 mil da semana anterior. Apesar desse repique, o volume comercializado está muito aquém do ideal. Normalmente, segundo o histórico, as vendas de farelo já estariam acima de 1,3 a 1,5 milhão de toneladas nesse época do ano, momento sazonal de crescimento do setor da aquicultura”, informam os analistas de mercado da Agrinvest.

Assim, aquilo que a China ainda precisa comprar de soja nos próximos meses deverá ser buscado no Brasil. Na última semana, circularam informações no mercado de que teriam sido vendidos de cinco até oito navios de soja para os chineses.

Fonte: Notícias Agrícolas