O Brasil é o maior exportador mundial de soja. A safra 2018/19 totalizou em aproximadamente 120 milhões de toneladas – o recorde de produção do país, sendo que cerca de 80 milhões de toneladas foram destinadas ao mercado internacional e 80% da exportação de soja brasileira foi direcionada para a China. Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul são os Estados que possuem maior produção nacional.

Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja estão as doenças. No Brasil, já foram identificadas mais de 30 doenças causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus. O impacto gerado por essas doenças nas plantações de soja vai variar de acordo com as condições climáticas, a localização geográfica e propriedades do solo, havendo casos de perdas de quase 100% da produção.

Recentemente, em três campos de cultivo de soja em Brasília (DF) foram encontradas plantas apresentando sintomas típicos de incidência viral, incluindo mancha apical, mosaico e clorose. Pesquisadores da UNESP e da Embrapa coletaram amostras dos três campos (24 amostras/campo) e fizeram análises laboratoriais para averiguar a identidade do patógeno.

Os alinhamentos e comparações das sequências genéticas disponíveis no banco-de-dados do “GenBank” apresentaram 95% de similaridade com outros isolados de Groundnut ringspot orthotospovirus (GRSV). Este é o primeiro relatório de GRSV infectando soja no Brasil. Anteriormente, das fabáceas apenas ervilha e amendoim tinham sido relatadas como plantas hospedeiras desse vírus no país.

Além da infecção por GRSV resultar em um impacto negativo no rendimento de plantações de soja, a identificação de soja como um novo hospedeiro do vírus pode trazer consequências epidemiológicas, umas vez que normalmente essa leguminosa é utilizada em sistemas de rotação de culturas com plantas suscetíveis ao vírus. Nesse caso, estratégias de manejo devem ser baseadas na implementação de cultivares resistentes, adoção de rotação de culturas adequada,  controle de tripes (possível vetor do GRSV) e eliminação de hospedeiros alternativos (incluindo plantas daninhas) que podem favorecer a incidência do vírus nas áreas de plantio.

Para saber mais:

Fontes et al. (2019)

Fonte: DefesaVegetal.Net