Ao longo de 2017, os preços domésticos da avicultura de corte acumularam quedas mensais quase que consecutivas, de acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Este cenário baixista esteve atrelado à maior disponibilidade interna da carne, uma vez que a produção nacional cresceu no ano, enquanto o volume exportado foi menor. O alento ao setor avícola veio das significativas reduções nos preços dos ingredientes da ração (como o milho e o farelo de soja), principal insumo para a produção de frangos de corte, especialmente num período em que a energia elétrica encareceu fortemente.

De janeiro até agosto, o preço do frango resfriado negociado no atacado da Grande São Paulo caiu praticamente de forma consecutiva, com a média saindo de R$ 3,91/kg no início do ano para R$ 3,42/kg em agosto (dados do Cepea). Esse foi o menor patamar real desde julho de 2006 (os valores foram deflacionados pelo Ipca de novembro/17). A partir de setembro, porém, os preços reagiram, atingindo R$ 3,75/kg em novembro, mês descrito por agentes colaboradores do Cepea como o mais aquecido no que se refere à demanda por carne.

No lado da oferta, segundo a estimativa da Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal), a produção de carne de frango em 2017 deve ser 1,2% maior que a de 2016, chegando a 13,05 milhões de toneladas.

Exportações

Segundo dados da Secex, de janeiro a dezembro, o setor embarcou 3,9 milhões de toneladas de carne de frango in natura, 0,4% a menos que em 2016.

Grandes parceiros comerciais do Brasil, como China e Arábia Saudita, reduziram suas compras em 2017. O país asiático havia aumentado expressivamente a demanda por carne de frango brasileira no ano anterior e adotou posicionamento mais tímido em 2017. De janeiro a novembro, a China foi destino de 364,1 mil toneladas da proteína brasileira, volume 19,3% menor frente ao mesmo período de 2016.

A Arábia Saudita, principal destino do setor avícola, foi responsável pela redução de 137,4 mil toneladas embarcadas na parcial de 2017. O país árabe recebeu 543 mil toneladas da proteína brasileira de janeiro a novembro, queda de 20,2% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.

A África do Sul, por outro lado, expandiu expressivamente as compras da carne de frango brasileira, 56,5% de aumento de 2016 a 2017, atingindo 320,9 mil toneladas enviadas ao país africano e se consolidando como o quarto maior comprador no ano passado.

A redução no volume total e os menores preços dos produtos destinados ao exterior em 2017 limitaram a receita obtida pelo setor exportador. Na média do ano, a carne de frango foi exportada por R$ 5,37/kg, queda de 1,6% frente a 2016 quando era R$ 5,45/kg. Dessa forma, foram gerados R$ 20,9 bilhões com as exportações da proteína nos 11 primeiros meses de 2017, queda de 3% na comparação com mesmo período do ano anterior.

Fonte: Cepea/Esalq