A avicultura de postura nacional teve um ano de recuperação, conforme indicam pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Os custos de produção foram menores, enquanto os preços dos ovos, maiores. Na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores do produto no correr de 2017 estiveram acima dos observados no mesmo período do ano anterior.

Custos de produção

Enquanto em 2016 os elevados patamares de preços da ração (milho e farelo de soja) pesaram fortemente sobre a atividade, em 2017 o setor ficou um pouco mais aliviado com as seguidas quedas nos valores do insumo.

Em janeiro do ano passado, o setor já sentiu certo alívio na relação de troca. Naquele mês, a venda de cada caixa de 30 dúzias do ovo tipo extra, branco, em Bastos (SP), passou a garantir, em média, a compra de 26,6 quilos de milho (ou quase 30%) a mais que em janeiro de 2016, passando de 96,64 quilos para 123,28 quilos do cereal. Nos meses seguintes, a relação de troca seguiu cada vez mais favorável ao produtor. Em março/17, quase uma saca a mais pôde ser adquirida com a venda do produto, cenário que se intensificou até setembro.

Segundo estudos do Cepea, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o avicultor mato-grossense gastou 28,74% menos com aquisição de ração na média de 2017 frente a 2016. O item de custo, entre manutenções, gastos com energia elétrica, mão de obra e custos gerais, representou 56,79% do Custo Operacional Efetivo (COE – dispêndios correntes do produtor) no ano, frente aos 62,85% registrados em 2016. Já o avicultor paranaense gastou 25,9% menos com a compra de ração no ano passado, em que o item correspondeu a 58,23% do COE frente aos 63,71% dos gastos correntes registrados em 2016 para a produção de ovos.

Mercado

Como tipicamente observa-se no mercado de ovos, os preços subiram no primeiro semestre do ano passado e caíram no segundo, conforme dados do Cepea. Em janeiro, especificamente, a demanda por ovos geralmente se reduz, devido ao período de férias escolares e ao forte calor. Com isso, visando controlar a produção, produtores intensificaram os descartes. Já em fevereiro, a demanda voltou a se aquecer e os preços iniciaram um movimento de alta, que foi intensificado entre março e abril, período de Quaresma no Brasil. O movimento de alta nas cotações, no entanto, perdeu a força na segunda metade do ano e os preços começaram a cair com força, especialmente a partir de agosto. A pressão veio da maior oferta de ovos. A presença de ovos caipiras nessa época do ano reforçou a baixa nas cotações.

Exportações

De janeiro a novembro, o Brasil exportou 316 toneladas (ou 13.181 caixas de 30 dúzias) de ovos, quase 58% a menos que o mesmo período de 2016. Com isso, a receita caiu 57,6%. Neste cenário, a redução nos custos de produção colaborou com o caixa do setor em 2017, possibilitando a recomposição de capital para novos investimentos em 2018.

Fonte: Cepea/Esalq