O XII Congresso Brasileiro de Agroinformática (Sbiagro 2019) começa dia 11 e vai até 14 de novembro, na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), em Indaiatuba (SP). O Congresso é o principal evento científico da área de informática aplicada à agricultura no Brasil e seu objetivo é promover o compartilhamento de resultados de pesquisas, a troca de ideias sobre trabalhos em andamento e a inovação no setor. Nesta edição o tema central é a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) na Agricultura, tema atual e emergente na área rural.

O evento é composto por painéis, palestras, apresentação de trabalhos científicos, concurso de teses e dissertações, além de um concurso de Iniciação Científica e do Conect@, evento de parceria e relacionamento empresarial. Nesta edição, haverá também espaço para resumos, na categoria pôster, com a finalidade de proporcionar a apresentação de soluções de ferramentas, processos tecnológicos ou resultados parciais de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Na programação, o Congresso conta com nomes relevantes do agronegócio, da pesquisa agropecuária e da academia, como Ricardo Inamasu, pesquisador da Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP), que vai falar sobre IoT na visão do Portfólio de Automação da Embrapa, Paulo Hermann, presidente da John Deere Brasil, que vai abordar a situação do IoT no Agronegócio, e Antonio Mauro Saraiva, docente da Escola Politécnica e pró-reitor adjunto de pesquisa da USP, com a temática Futuro da Agricultura Digital.

Além das palestras constam da programação três painéis com discussões sobre Conectividade no Campo, com a presença de representantes da Embrapa, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), John Deere Brasil, Visiona e Cocamar; outro sobre Tecnologia da Informação no Agronegócio Brasileiro, com a participação da Fatec de Indaiatuba, Totvs, Embrapa, SP Ventures, InCeres e CPqD; e um terceiro painel sobre Academia versus Mercado, com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (Uepg), a Agência de Desenvolvimento Regional e a Embrapa.

IoT na agricultura
Na visão de Alaine Guimarães, presidente da Associação Brasileira de Agroinformática, promotora do Congresso, a IoT é um dos principais assuntos ao se pensar em Smart Cities e o principal foco em tratando-se de Smart Farms, dado o potencial dessa tecnologia para automatizar e conectar fazendas ao contexto urbano.

“A IoT permite capacitar e integrar coisas ao redor das áreas agrícolas com os recursos da internet levando a uma maior conectividade e compartilhamento de dados” explica Alaine. Ela complementa dizendo que ao fazer isso está se preenchendo a lacuna entre os mundos digital e físico, tornando os processos no campo mais simples, rápidos e seguros.

Todo o sofisticado arsenal tecnológico inserido na IoT precisa chegar de forma simples e confiável ao agricultor, diz a presidente da Associação, por isso é importante promover eventos que proporcionem ampla discussão sobre o assunto e que apresentem o que há de mais atual, para que o conhecimento sobre a IoT no agronegócio seja disseminado por todo o País.

Alaine, que também é docente e coordenadora do programa de pós-graduação em Computação Aplicada e do curso de graduação em Engenharia de Computação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Uepg), explica que o avanço da ciência e tecnologia no setor agrícola apresenta crescimento muito rápido, impulsionado por mudanças globais, como população crescente, desenvolvimento de economias emergentes e a instabilidade em torno da escassez de terra, água e energia.

“A agrotecnologia tem imenso potencial para inovação e grandes desafios como o de viabilizar o incremento da produtividade sem aumentar a área de produção”. A internet das coisas, também tratada em alguns lugares como Internet de Tudo (IoE), segundo Alaine, contribui para enfrentar esses desafios por meio de melhorias no rendimento e na eficiência da produção. “A agricultura passa a ser tratada como agricultura inteligente e abre-se um imenso campo na pesquisa para tratar de dificuldades ainda enfrentadas na adoção da IoT como: integração de informações provenientes de diferentes fontes, padrões da indústria e ainda aspectos do modelo de negócios”, finaliza a docente.

Silvia Massruhá, pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, que também participa da Sbiagro 2019, compartilha da mesma opinião sobre a integração de informações. “Hoje temos sensores de solo, estações agrometeorológicas que produzem dados escalares, imagens de satélite, colheitadeiras automáticas que estimam a produtividade por talhão e precisamos fazer todas essas tecnologias conversarem. A internet das coisas é a infovia que vai permitir essa integração em nuvem e o processamento e a geração de informação em tempo real para ajudar os produtores nas tomadas de decisão e para serem mais competitivos no mundo do agronegócio”, completa a pesquisadora.

Valter Castelhano, professor e coordenador do Curso de Gestão de Serviços da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), campus de Indaiatuba, lembra que, segundo as projeções da PwC, em 2050 a economia brasileira será calcada no agronegócio e ocupará a quinta posição entre as potências mundiais, “além disso ocorre no mundo uma tendência crescente de concentração urbana e as oportunidades advindas da cadeia do agronegócio para as populações urbanas podem ser viabilizadas e amplificadas com a utilização das TICs, mas é necessário que sejam tomadas ações para melhoria da comunicação entre a cidade e o campo”, afirma o professor.

“O Sbiagro 2019 é o primeiro evento nacional de agroinformática realizado em Indaiatuba (SP), uma região que se destaca pela forte presença de empresas de alta tecnologia e de universidades com reconhecimento internacional e tenho certeza que este Congresso ampliará os canais de comunicação com o agronegócio”, afirma Castelhano.

Sbiagro
O Sbiagro teve seu embrião em 1995, promovido pela Associação Brasileira de Agroinformática (Sbiagro). Neste ano, o Congresso conta com a organização da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo, campus de Indaiatuba, e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Uepg). Para essa edição foram selecionados 23 posters e 54 artigos de Iniciação Científica que serão apresentados e classificados durante o evento nas categorias Melhor Trabalho, Melhor Tese, Melhor Dissertação de Mestrado e Melhor Artigo.

Fonte: Embrapa Informática Agropecuária