A crise sanitária vivida pelo país tem dificultado a circulação de mercadorias, e a suinocultura paulista já estuda com nutricionistas medidas para modificar a alimentação dos animais

Suinocultores estão preocupados com a possibilidade de escassez ou até falta de produtos de uso vetrerinário importados da China. Devido às crises sanitárias enfrentadas pelo país asiático, a circulação de mercadorias está comprometida e, segundo o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira, já estão sendo realizadas reuniões com nutricionistas para estudar como modificar a alimentação dos animais.

Ferreira explica que nesta segunda-fiera (17), durante reunião de tomada de preços do Consórcio Suíno Paulista com a central de compras, foi demonstrada a preocupação com a possível falta de alguns produtos vindos da China.

“Alguns itens provenientes da China tiveram redução na oferta, não contemplando a nossa demanda. Isso nos preocupa, principalmente com alguns produtos da família da lisina, triolina, metionina”, afirma.

De acordo com ele, para estes produtos, especificamente, “quase não há substituição”, e a Associação trabalha com nutricionistas porque, caso estes insumos faltem, será preciso mudar a alimentação dos suínos.

Além do desafio logístico, o presidente da APCS fala que as correções cambiais também têm sido um fator complicador nos custos de produção para o suinocultor.

“Como o mercado é dinâmico, com a falta de produtos, há impacto no custo. No mesmo universo, entre fevereiro de 2019 e de 2020, tivemos uma correção cambial entre 14% a 15%, e ontem (17 de fevereiro) tivemos uma evolução em preços em dólar nominal em torno de 6% a 7% no valor dos produtos importados, siginicando um aumento real e nominal desses itens acima de 22%”, explica.

Para o suinocultor, Ferreira adverte que o momento é de atenção aos custos de produção, em parte elevados por causa dos altos preços do farelo de soja e do milho.

“Mesmo o preço dos suínos sendo realinhados, a nossa relação de troca com alguns produtos não está sendo satisfatória, pelo contrário, estamos perdendo na relação de troca acom alguns produtos, principalmente milho e farelo de soja”.

O produtor deve ficar atento na hora de fazer uma posição em relação ao milho, observar dia a dia o mercado futuro para saber o melhor momento de fazer a compra. “Evitar a compra na boca, tem que trabalhar o planejamento para que o milho tenha, pelo menos, 4 a 5 meses na granja para que o produtor possa trabalhar com mais tempo e eficiência melhor”.

Apesar do cenário, Ferreira mostra otimismo na suinocultura em 2020, com aumento na participação no mercado externo, saindo dos 17% a 18% da produção exportada para 22% 23%, ganhando 5% de exportação. Ele também acredita na melhora da economia brasileira, com a população consumindo mais proteína animal, fatores garantem perspectivas melhores para o ano.

BOLSA DE SUÍNOS

A Bolsa de Suínos do Estado de São Paulo completou um mês operando com novo modelo. Antes a referência de preços divulgada era feita em base de pesquisas de mercado e reuniões com os associados. Com o novo modelo, além dos associados participarem na formação dos preços de comercialização, agora oito frigoríficos também debatem os valores.

Segundo Ferreira, o objetivo é que não haja espaço para especulação no mercado, unindo elos da cadeia produtiva para formar preços mais consistentes, evitando picos de altas ou baixas muito acentuados.

Ele afirma que, futuramente, outra novidade passará a fazer parte da realidade do sistema, que será integrado ao fluxo de informações das bolsas de suínos de Santa Catarina e de Minas Gerais.

“São estados com perfis completamente diferentes, que podem trazer informações complementares, já que Santa Catarina é o maior produtor de suínos do Brasil e Minas Gerais tem uma grande fatia no consumo”.

Ferreira explica que essa unificação é no sentido do fluxo de informações, e não nos preços, que continuarão sendo diferentes nas unidades, respeitando as especificidades de cada estado.

Fonte: Notícias Agrícolas