Segundo diversos analistas de mercado, o preço do milho, principal componente das rações para animais, deve se manter em patamar bastante elevado.

O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa), unidade de pesquisa da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), disponibilizou nesta quarta-feira (24), o Boletim Agropecuário referente ao mês de março. No setor de suinocultura, o boletim aponta o custo de produção como a principal preocupação dos produtores catarinenses.

Preços

De dezembro de 2020 a fevereiro deste ano, observaram-se quedas nos preços dos suínos vivos na maioria dos estados produtores, principalmente em função da retração nas exportações e do consumo aquém do esperado para o período. Ainda em meados de fevereiro,
os preços começaram a se recuperar, puxados pelo bom desempenho do mercado externo naquele mês. Contudo, nas primeiras semanas de março voltou a se observar predomínio de preços em baixa. Embora até o momento somente Minas Gerais e Paraná apresentem variação negativa entre fevereiro e março (Figura 1), a perspectiva é que nos demais estados acompanhados os índices também fiquem negativos até o final deste mês, já que a tendência é de queda em todos eles.

Esse recuo mais recente é resultante, principalmente, da estagnação do mercado interno, afetado pela crise econômica, pelo fim do auxílio emergencial e pela elevação dos preços da carne ao longo dos últimos meses.

Na comparação entre os preços atuais e aqueles praticados em março de 2020, observam-se variações positivas em todos os estados analisados: 35,2% em Santa Catarina, 34,5% no Rio Grande do Sul, 28,2% em São Paulo, 26,5% no Paraná e 23,7% em Minas Gerais.

Em Chapecó, praça de referência para o suíno vivo em Santa Catarina, os preços mantiveram-se inalterados nas primeiras semanas de março, na comparação com fevereiro. Em relação a março de 2020, as variações são positivas em ambas as categorias de produtores: 33,3% para os independentes e 38,8% para os integrados.

Nas primeiras semanas de março foram observados movimentos bastante distintos nos preços de atacado da carne suína, de acordo com o tipo de corte. Dentre os cinco cortes acompanhados pela Epagri/Cepa, três registraram variações positivas na comparação com o mês anterior: lombo (7,9%), costela (2,3%) e carcaça (1,1%). Por outro lado, carré e pernil apresentaram quedas de 1,7% e 10,3%, respectivamente. A variação média dos cinco cortes foi de -0,1%.

Esse cenário é decorrente, principalmente, da queda sazonal de demanda nos primeiros meses do ano e do desaquecimento do mercado interno. Além disso, os possíveis impactos sobre o consumo de carnes das medidas restritivas que estão sendo implantadas em vários estados, em função do agravamento da pandemia, preocupam o setor e desestimulam as agroindústrias a ampliarem seus estoques.

Na comparação entre os valores preliminares de março e o mesmo mês de 2020, as variações ainda são positivas em todos os cortes: carré (42,0%), lombo (37,0%), carcaça (26,7%), pernil (18,1%) e costela (14,5%). Na média, a alta foi de 27,7%. Vale destacar que os custos de produção tiveram variação bem mais expressiva, como veremos adiante.

Custos

De acordo com a Embrapa Suínos e Aves, o Índice de Custos de Produção de Suínos (ICPSuíno) de fevereiro registrou alta de 3,7% em relação ao mês anterior. Nos últimos doze meses, a variação foi de 48,7%, impulsionada pela elevação dos custos com nutrição (43,3%).

Os preços dos leitões mantiveram-se relativamente estáveis nas primeiras semanas de março, quando comparados a fevereiro. Os preços dos leitões de 6 a 10kg registraram pequena alta de 0,2%, enquanto os leitões de aproximadamente 22kg apresentaram queda de 0,4%. Na comparação com as médias de março de 2020, registram-se variações positivas em ambos os casos: 42,7% para os leitões de 6 a 10kg e 40,8%, para os leitões de aproximadamente 22kg.

A relação de equivalência insumo-produto apresentou alta de 1,0% nas primeiras semanas de março em relação ao mês anterior. Essa variação deve-se à elevação no preço de atacado do milho na praça de Chapecó, já que o preço do suíno vivo se manteve inalterado naquela mesma praça. O valor atual está35,3% acima daquele registrado em março de 2020.

Os elevados custos de produção devem ser uma das principais preocupações do setor este ano. Segundo diversos analistas de mercado, o preço do milho, principal componente das rações para animais, deve se manter em patamar bastante elevado pelo menos até julho, quando entra no mercado milho oriundo da safrinha. Contudo, há análises que apontam que, mesmo assim, as quedas não devem ser muito
expressivas.

Fonte: Epagri/Cepa – Redação Suino.com