A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP

Apesar dos reveses provocados pela pandemia de covid-19, a suinocultura brasileira encerrou o ano de 2020 com preços, abate e embarques recordes. Para 2021, a expectativa é de que, mesmo com o custo de produção elevado, o balanço positivo se repita. A demanda externa por carne suína deve continuar firme, sustentada pelas compras chinesas, ao passo que a procura interna deve ser favorecida pela possível retomada econômica. A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que a produção brasileira de carne suína pode aumentar 3,5% em 2021 frente ao projetado para 2020, passando para quase 4,4 milhões de toneladas. Esse crescimento é similar ao apontado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que estima alta de 3,6% na produção brasileira, totalizando 4,1 milhões de toneladas.

Do lado da demanda, a ABPA estima elevação das exportações em torno de 10% de 2020 para 2021, ao passo que os números apontados pelo USDA indicam aumento um pouco mais conservador, de 4,2%. Além da continuidade do bom ritmo de embarques para a China, há, ainda, a expectativa de incremento nas vendas a outros destinos, especialmente na Ásia.

Ressalta-se que, apesar de a comercialização com os chineses continuar aquecida, o país asiático já sinaliza a retomada gradual da recomposição do rebanho de suínos, que foi dizimado pela peste Suína Africana (PSA). Esse movimento tem deixando produtores brasileiros em alerta, diante das possíveis implicações no médio e longo prazos.

No caso da demanda interna, segundo o Boletim Focus, do Banco Central, de 31 de dezembro de 2020, o PIB deve ter crescimento de 3,4% em 2021. Ainda que essa taxa seja menor do que a projetada anteriormente, esse avanço já é um estímulo para as vendas de carne suína no mercado doméstico, que podem crescer até 2%, de acordo com a ABPA, e cerca de 3,5%, segundo o USDA. A recuperação do mercado de “food-service” tende a ser um dos pilares dessa melhora.

Custos de produção

Os custos de produção devem continuar sendo um grande gargalo ao setor em 2021. Isso porque os valores dos dois principais componentes da ração, o milho e o farelo de soja, devem se manter altos neste ano, tendo em vista as aquecidas demandas interna e externa por esses grãos. Esse cenário tende a pressionar, por mais um ano, o poder de compra dos suinocultores.

De acordo com a equipe de Grãos do Cepea, em 2021, a relação estoque/consumo final de soja pode ser a menor das últimas nove temporadas, o que poderá dar sustentação aos preços domésticos tanto da soja quanto de seus derivados no decorrer de 2021. No caso do milho, os estoques também estão baixos. Além disso, a demanda firme e as incertezas quanto ao tamanho da oferta da temporada 2020/21 devem manter os preços internos do milho em 2021 em patamares acima da média de anos anteriores.

Fonte: Suinocultura Industrial com adaptações Suino.com