As valorizações recentes do preço da soja no Porto de Paranaguá (PR) já dão uma mostra de como poderá ser o mercado do produto nos próximos meses. “A alta dos preços vem sendo consistente, temos visto a valorização do produto brasileiro desde o início da colheita”, afirma o vice-presidente da Cocamar, José Cícero Aderaldo.

Ele destaca que dois fatores têm sido determinantes para essa escalada nos valores pagos pela soja: a quebra da safra na Argentina, que fez com que o mercado internacional elevasse as cotações do produto, e a desvalorização do real, que saiu do patamar de R$ 3,20 e superou a marca dos R$ 4,00 recentemente, por conta das incertezas políticas no País. “Estes dois fatores impulsionaram o preço, que tem se posicionado acima de R$ 75,00 já há um bom tempo”, afirma.

A perspectiva de uma boa safra norte-americana não tem abalado a cotação e é improvável que traga algum efeito negativo, “porque há uma grande demanda pela soja brasileira”, explica. “As barreiras à importação dos produtos chineses nos EUA e a resposta chinesa taxando a importação especialmente da soja norte-americana, fizeram com que as cotações da oleaginosa caíssem muito na bolsa de Chicago. Mas, por conta da escassez de produto este ano, os prêmios para a soja brasileira aumentaram de maneira bastante forte, compensando a queda”, diz. Entretanto, alerta, a boa safra norte-americana tem força para impactar a próxima safra brasileira.

Subiu

Atualmente, mais de 70% da safra 2017/18 do Paraná já foram comercializados. Segundo o vice-presidente, quando se iniciou a colheita, e foram registradas boas produtividades, era esperado que os preços caíssem para R$ 60,00 a saca, mas foi o contrário: começou a subir e passou rapidamente dos R$ 70,00.

“Conforme foi vendo as oportunidades surgirem ao longo do ano, o produtor comercializou lotes de sua safra, utilizando a estratégia correta do parcelamento. O que se mostrou, mais uma vez, ser acertado para o produtor, porque o mercado trabalhou em alta a favor dele”, afirma Aderaldo, ressaltando que essa é uma orientação dada pela Cocamar há anos e o produtor tem aproveitado e feito bons negócios.

Milho 

A tendência inicial de queda no preço do milho começa a ser revertida. “Se tivéssemos uma safra normal, muito provável estaríamos vendendo milho em uma faixa de R$ 23,00 a R$ 25,00 a saca. A quebra da safra de inverno colocou o abastecimento em alerta, o que tem feito com que os preços subam em plena colheita”, afirma Aderaldo.

Ele explica que a grande questão do direcionamento dos preços do milho é o volume que o Brasil vai exportar, porque, mesmo havendo uma queda expressiva da produção, aquilo que o país produz é mais do que suficiente para abastecer o mercado interno. “É necessário que a gente exporte para enxugar o mercado. Então, se houver uma exportação no patamar dos 30 milhões de toneladas, conforme aconteceu no ano passado, é provável que tenhamos alguma escassez de milho no primeiro semestre do ano que vem”, comenta.

Mais soja

Outro fator que influi neste cenário, cita o dirigente, é que como os preços da soja estão vantajosos e a cada ano, tem sido crescente o aumento da área da oleaginosa sobre a de milho verão e a tendência é que novamente isso ocorra na próxima safra. Isso se reflete na dependência cada vez maior da safra de inverno para abastecimento do mercado brasileiro no primeiro semestre do ano.

“A maior área plantada de milho do Brasil é de inverno. Então não dá para você esperar o abastecimento do início ano que vem apenas com a produção da safra de verão. É necessário que o estoque da safra de inverno deste ano ajude a complementar o abastecimento do ano que vem”, diz o vice-presidente da Cocamar. Por isso, explica, “o estoque vai depender do quanto será exportado, e se o país exportar as 30 milhões de toneladas, o abastecimento do mercado interno no ano que vem fica ameaçado, daí o consequente aumento dos preços”.

Fonte: Cocamar