Em live com a revista Época, na noite desta quarta-feira (23), a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esclareceu, novamente, questões sobre os incêndios no Pantanal. E a ministra é taxativa ao dizer que culpar o homem do Pantanal pela atual situação é injustiça. A ministra falou sobre a necessidade de punição aos maus produtores, irresponsáveis, porém, afirma que são casos pontuais e que a grande maioria segue atuando com responsabilidade e dentro da lei.

“Passei minha infância no Pantanal. Me lembro de uma época muito seca, 50 anos atrás, que meu pai teve que escavar tanque para ter água para o gado, foi uma época difícil e depois ela passou. Então, o Pantanal tem períodos e estamos vivendo um período com a pior seca dos últimos 50 anos. Então, é natural que o Pantanal, que é uma planície, e quando o lençol freático baixo, com aquela palha do capim nativo é combustão pura. Então, um ano com uma sequidão como essa e o Pantanal com essa seca, não vou dizer que seja normal ou agradável, mas a tendêcia é de que tivessemos mais incêndios”, explica.

A ministra afirma ainda que é importa que se aprenda não só com a ciência, pesquisas e estudo, mas com as pessoas que vivem na região. “Os velhos pantaneiros falam que o boi é o bombeiro do Pantanal. Quando ele come aquela palha, quando vem a seca e se tiver fogo, ele não se alastra como aconteceu este ano”, disse.

Tereza Cristina afirmou ainda que não é possível comparar o alcance e as proporções de incêndios como os do Pantanal com o que é registrado em outros locais do mundo, como na Califórnia, nos EUA. Além disso, reiterou que o governo federal – via Ministério do Meio Ambiente – colocou todo seu efetivo entre recursos humanos e de equipamento para combate ao fogo e não tem sido suficiente.

“O Brasil é um país de tamanho continental e a Califórnia é um estado. Precisamos de recursos, de gente, e o Brasil tem necessidades enormes, muito problemas para atacar. E esse governo, sem querer comparar, colocou as Forças Armadas. É uma série de coisas que às vezes não são faladas. Precisamos pensar nisso sim, mas vivemos um momento muito complicado. Temos que estar prevenidos sim”, diz.

Questionada sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro na 75ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (22), a ministra também esclareceu as diferenças entre incêndios e queimadas – que são uma prática rudimentar praticada por indígenas, pequenos agricultores. “Não podemos generalizar. Acho que meu chefe colocou algumas posições que são verdadeiras, fatos que realmente acontecem”, disse.

Fonte: Estadão Conteúdo