A Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional Paraná (ABRAVES-PR), promoveu nos dias 17 e 18 de março de 2021, o XV Encontro Regional da ABRAVES-PR, em formato virtual. A programação incluiu painéis sobre sanidade, gestão de pessoas e mercado.

Sanidade

O primeiro dia do evento, 17 de março, foi todo dedicado a assuntos relacionados à sanidade na produção e industrialização de suínos. Iniciou com a palestra “Salmonella – novos marcos regulatórios e seu impacto na cadeia de produção de suínos”, apresentada pela médica veterinária, mestre e doutora pela UFRGS e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Jalusa Deon Kich. Jalusa destacou que dos surtos relatados no Brasil, a Salmonella está em primeiro lugar.

Na sequencia, Elenita Albuquerque, do MAPA, falou sobre a IN 79/2018 – Vantagens, desafios e impactos esperados na implementação da inspeção com base em riscos em suínos no Brasil. Ela destacou a modernização do sistema de inspeção brasileira. “O mercado mundial sabe que o sistema brasileiro está em modificação. Como cada um vai reagir, não podemos garantir”. No entanto, o Brasil está ao lado de nações que já mudaram seu sistema de inspeção como Estados Unidos, União Europeia e Austrália.

Quando e como vamos controlar ou reduzir Salmonella na produção de suínos? Este foi o tema de outra excelente apresentação. Conforme o palestrante, Vinícius Cantarelli (UFLA), a salmonela é um agente que tem se adaptado a diferentes ambientes, tanto internos quanto externos. Fatores estressantes têm levado a modificações seja por alterações fenotípicas ou genotípicas. Ele falou sobre as perdas econômicas, adaptação da salmonela com o tempo e a IN 79/2018.

Salmonelose clínica em suínos: uma atualização foi o tema da apresentação conjunta de Roberto Guedes (UFMG) e Jalusa Deon Kich (Embrapa). Guedes atualizou o cenário epidemiológico de salmonela no sistema produtivo brasileiro. Jalusa apresentou os resultados de um trabalho com 130 casos de salmoneloses no Brasil, de 2011 a 2017. A salmonela typhimurium monofásica é relevante no país e está distribuída em todo os sistemas produtivos. “Temos uma distribuição de casos iguais em creche, crescimento e terminação”.

O evento continuou com o tema “Brachyspira: porque ainda não resolvemos esse problema nas granjas de suínos?” De acordo com o palestrante Roberto Guedes (UFMG), a brachyspira induz uma diarreia muco hemorrágica, anorexia e morte em poucos dias em animais não tratados. Apesar de ser uma doença bacteriana, Roberto Guedes afirma que é bastante complexa. “O grande desafio no país, são os resquícios ou algumas granjas positivas para a contaminação”. A brachyspira impõe perdas econômicas relacionadas a mortalidade, conversão alimentar e tratamentos. A enfermidade afeta geralmente leitões entre 15-70 Kg, mas pode afetar matrizes lactantes.

Roberto Guedes afirmou que a conscientização e trabalhos coletivos são fundamentais para a erradicação da disenteria suína, através do controle de roedores e moscas, eliminação de animais velhos, doentes, medicação dos animais doentes, monitoramento clínico, coleta de amostras e continuidade de programas de biossegurança.

O primeiro dia de evento digital continuou com o palestrante Gilmar Jorge Vieira (Adapar),falando sobre a Portaria 265 Adapar – Atualização sobre adequação das granjas e quais são os próximos passos para atender a legislação atual. Ele destacou que as unidades produtivas têm 12 meses para se adequarem aos termos da portaria. A Portaria 265 Adapar dispõe sobre a biosseguridade mínima para estabelecimentos que produzem suínos para fins comerciais.

Na sequencia, Márcio Bach (Primato/Abraves-PR) falou sobre a Portaria 265 Adapar – Atualização sobre adequação das granjas na visão das empresas integradoras/ cooperativas. O palestrante destacou que os objetivos da biosseguridade são: prevenir desafios sanitários, diminuir o uso de antimicrobianos, proteger os animais e a saúde pública, bem como, garantir a sobrevivência das explorações tecnificadas.

A Portaria 265 envolve diversos desafios e oportunidades. Entre os desafios estão: o investimento do produtor, unidades sem sucessor, e ainda o entendimento da necessidade de tais adequações. Já as oportunidades estão relacionadas a organização da propriedade, melhor qualidade dos suínos entregues, alimento seguro e a busca de novos mercados. Márcio Bach finalizou afirmando que a biosseguridade é o primeiro passo para a suinocultura brasileira evoluir e alcançar novos mercados.

Água

Mario Penz, da Cargill, discorreu sobre o significado da água de qualidade para o consumo humano e animal. “A qualidade da água deve ser medida no mínimo a cada seis meses”, afirmou. Ele ressaltou a importância de manter um histórico da qualidade da água em cada uma das granjas. “Precisamos ter uma visão de como está a qualidade de água, através do histórico de análises. Temos que entender a tendência, estabelecer uma relação de sólidos solúveis totais com o Ph ao longo do tempo”.

Segundo Penz, o problema da qualidade da água geralmente é minimizado no sistema produtivo. “Em caso de diarreia em suínos, a grande maioria das pessoas procuram um monte de causas, e minimizam a importância da qualidade da água. Água ruim pode causar diarreia sim”, frisou.

Parâmetros químicos importantes para mensuração da qualidade da água em uma granja de suínos foi o tema da palestra de Ton Kramer (Zinpro/Abraves-PR no evento. Os sólidos dissolvidos totais na água tem efeitos prejudiciais à saúde. Interferem na ingestão de nutrientes, absorção de nutrientes e desenvolvimento bacteriano como, por exemplo, da E.coli e Salmonella.

Gestão de Pessoas

O segundo dia do Encontro Regional Abraves PR, 18 de março, iniciou com o painel Gestão de Pessoas. Quem será e como irá pensar e agir o futuro funcionário das granjas e da assistência técnica? Essa foi a questão central respondida por Kali Simioni (Consultora – F&S Consulting) e o consultor Naldo Dalmazo. Com os desafios produtivos atuais, conclui-se que nem todos os problemas que temos que resolver estão relacionados a aspecto técnicos, mas sim à métodos, gestão e liderança.

Dalmazo salienta que é preciso entender o cliente, entender o adulto e saber quais métodos são importantes para atender as necessidades dos clientes. “Para tudo precisa de método”, afirma. Kali completa: “Entender a necessidade do cliente é o que vai manter o foco”.
Dando continuidade ao segundo dia do evento, no Painel Gestão de Pessoas, Max Winders (Consultor e Palestrante Internacional), fala sobre os “Cento e quinze anos de sucesso. Lições de liderança e equipe do The All Blacks®️. A equipe de maior sucesso da história do esporte. “Quanto você tem uma cultura, a melhor forma de preservá-la é tendo histórias sobre ela”, afirmou Winders. A Seleção Neozelandesa de Rugby Union é uma das melhores equipes de Rugby do mundo. Mais conhecidos como All Blacks, acumulou a marca de 77% de vitórias nos jogos que disputou. Winders discorreu sobre os detalhes que construíram essa história de sucesso.

Mercado

O palestrante, Gustavo Victorino (Advogado e Jornalista da Rede Pampa Comunicação), falou como a política influencia a tomada de decisão no meio econômico e agropecuário. Victorino salientou que hoje “temos pessoas legislando sobre assuntos que não conhecem. Ele questionou: “quantas vezes vocês foram ouvidos para o estabelecimento de regras? Regras não definem apenas o hoje, mas o amanhã. Muito pouco somos ouvidos. Muito pouco os profissionais, que deveriam ter o poder supremo de normatizar sobre a sua atividade para estabelecer parâmetros de novas oportunidades, renovação e principalmente ganho econômico, são ouvidos”.

O palestrante complementou dizendo que a dificuldade no Brasil é o processo de representatividade. “A política é decisiva para a aprovação de projetos de todos os segmentos, não apenas econômicos, mas também sociais. Não se pode pensar em uma regulação sem que exista o interesse dos que serão regulados”, afirma.

“Atualização sobre o mercado grãos e carnes: o que nos espera?” Essa foi a principal questão tratada pelo Palestrante de Política e Economia, Miguel Daoud, no Encontro Regional Abraves PR. Em 2050 a população mundial deve superar a projeção de 9 bilhões de pessoas. Diante desse cenário, a demanda por produtos com origem do agro aumentará cada vez mais e o Brasil tem todas as condições de atender essa demanda. “O mundo não tem outra saída a não ser o Brasil”, afirmou Daoud.

O agronegócio representa 25% do PIB brasileiro e a agropecuária é a saída da economia. Daoud destacou que “a agropecuária brasileira tem uma grande oportunidade pela frente, nós temos condições de crescer, e o único setor que está preparado para atender a demanda interna e exportar, é a agropecuária”. O palestrante finalizou dizendo que “a produção agropecuária será a salvação do nosso país”.
“Podemos alimentar 10 bilhões de pessoas – mas teremos permissão para isso?” Essa foi a principal questão tratada pelo Consultor e Palestrante Internacional, Max Winders, no painel que encerrou o Encontro Regional Abraves PR. “Precisamos de comida barata, segura e abundante para todos”, afirmou Winders.

O palestrante disse que o avanço em tecnologia fez com que menos pessoas passassem fome no planeta, e alerta: “precisamos estar atentos para não defender situações que afetem os mais vulneráveis”. Winders acredita que, através da tecnologia, será possível “produzir mais e usar menos”, tornando o alimento acessível para alimentar mais pessoas.

Redação Suino.com