A combinação do Blockchain com a Internet das Coisas pode evitar que ocorram novos episódios envolvendo fraudes em grandes e pequenos frigoríficos do país. É o que afirma Gerson Rolim, CIO da The Data Company, holding que reúne empresas com soluções disruptivas para agricultura e pecuária. “Com o Blockchain, a adulteração de exames laboratoriais, por exemplo, é impossível”, disse.

Uma nova fase da Operação Carne Fraca – a Operação Trapaça – foi deflagrada pela Polícia Federal (PF), que investiga um esquema fraudulento envolvendo frigoríficos e laboratórios com o intuito de omitir a presença da bactéria salmonella spp em produtos baseados em proteína animal. Segundo a PF, exames laboratoriais foram adulterados a fim de garantir a exportação de produtos contaminados.

A possibilidade de adulteração está baseada em falhas no processo de controle alimentar brasileiro, cujas informações são armazenadas em bancos de dados privados, inseguros e sujeitos a alterações indevidas. De acordo com Rolim, “precisamos substituir estes sistemas arcaicos e vulneráveis por um conjunto de soluções inovadoras, já existentes, de baixo custo e de altíssimo nível de segurança e transparência”.

O resultado imediato da ação da PF foi a suspensão da exportação desses produtos para 12 países, além de mais um arranhão na credibilidade do país no mercado externo, justamente no momento em que se comemora o ótimo desempenho do agronegócio na economia brasileira. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio foi o principal responsável pelo resultado positivo do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, com 23,5% de participação.

“O uso do Blockchain com a rastreabilidade no campo proporcionada pela Internet das Coisas (IoT) permite, por exemplo, que todos os dados coletados pelos sensores IoT em toda a cadeia de produção agrícola e da pecuária sejam armazenados em blocos de dados criptografados, em que a alteração das informações é impossível, pois estão armazenadas e replicadas em todos os computadores autorizados do sistema de informação, reduzindo a zero a possibilidade de fraudes”, explica Rolim.

A grande vantagem desse modelo de aplicação de tecnologia no campo é o uso da descentralização como medida de segurança, pois o Blockchain é baseado em um modelo de banco de dados distribuído e aberto às organizações que participam do grupo de acesso (no caso da pecuária, podem ser criadores, frigoríficos e governos municipais, estaduais e federal). O banco de dados é descentralizado e inviolável, e permite a checagem de qualquer informação gravada desde a sua origem.

Segundo Rolim, para que uma fraude seja bem sucedida com o uso dessa tecnologia, não basta o criminoso acessar um banco de dados e fazer uma alteração no registro. “Ele precisaria contar com um poder computacional ainda não disponível nos dias de hoje a fim de invadir e alterar, milhões de blocos distribuídos em centenas de computadores. E é exatamente essa característica que garante um alto grau de segurança ao sistema, uma confiança que cresce quanto mais a rede for distribuída”, afirmou.

Fonte: Vecto Mobile/ThDC