Cerca de 300 especialistas internacionais estão reunidos em Foz do Iguaçu, no Paraná, para apresentar as novidades da ciência sobre a interação planta microrganismos e os benefícios do uso de bactérias e fungos promotores do crescimento de plantas. Serão três eventos em seis dias: o XVI Simpósio sobre Fixação Biológica de Nitrogênio em Não-Leguminosas, o IV Workshop Latino-Americano de PGPR e a XIX Relare. As atividades começaram no dia 26 e seguem até 31 de agosto.

O objetivo é apresentar os últimos resultados da academia e conciliar essas pesquisas com a necessidade dos mercados brasileiro e internacional de insumos agrícolas. Já se sabe que há muitos avanços e a cada dia os cientistas ampliam mais o conhecimento sobre a interação entre os microrganismos e as plantas. “Vamos discutir o uso de fungos e bactérias em culturas agrícolas, a fim de aliar a pesquisa básica e aplicada com foco em produtos biológicos que possam aumentar o rendimento das lavouras no campo”, complementa Jerri Zilli, pesquisador da Embrapa Agrobiologia e presidente da comissão organizadora.

O Brasil é líder mundial no uso de bactérias fixadoras de nitrogênio na agricultura. O caso mais comum ocorre para espécies leguminosas, como a soja. Nesta cultura, a aplicação de inoculantes a base de bactérias fixadoras de nitrogênio permite uma economia ao país de aproximadamente 13 milhões de dólares por ano, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados. Mas os cientistas já têm resultados promissores também para espécies não leguminosas, como as gramíneas (milho, trigo, arroz, cana-de-açúcar) e há inclusive produtos no mercado nacional sendo utilizados pelos agricultores.

Segundo a Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), em 2017 foram entregues ao mercado cerca de 34,5 milhões de toneladas de fertilizantes. No caso específico de inoculantes bacterianos, são aproximadamente 40 milhões de doses comercializadas por ano.  Mas este mesmo mercado que gira altas cifras mostra-se propício ao uso de novas tecnologias, como insumos biológicos que ofereçam múltiplos benefícios às plantas.

A pesquisa com PGPR

O Brasil lidera os estudos sobre o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio na agricultura, sendo o berço da pesquisa sobre descrição de espécies e associações presentes em plantas não leguminosas.  Os avanços da pesquisa, que nasceu Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ) e tornou-se internacional pelo trabalho pioneiro da pesquisadora Johanna Döbereiner, vem sendo debatido nas 15 edições anteriores do Simpósio sobre Fixação Biológica de Nitrogênio em Não-Leguminosas.

De acordo com a pesquisadora Verônica Massena Reis, da Embrapa Agrobiologia, essas bactérias, conhecidas como bactérias associativas benéficas, vem sendo largamente utilizadas para milho e trigo. “Os efeitos desses microrganismos mostram potencial para uma grande economia em fertilizantes nitrogenados, com destaque para inoculantes que utilizam estirpes de Azospirillum, embora haja muitas outras estirpes recomendadas para diferentes cultivos”, pontua a pesquisadora.

As bactérias associativas benéficas fazem parte do grupo de microrganismos conhecidos como promotores de crescimento de plantas (Plant Growth Promoting Rizobacteria-PGPR), que também inclui outras classes como, por exemplo, os fungos micorrízicos.

Sobre os eventos

– XVI Simpósio sobre Fixação Biológica de Nitrogênio em Não-Leguminosas: o simpósio sobre FBN em não-leguminosas têm uma longa tradição desde a década de 1970. As duas últimas edições foram o 14º Simpósio, na China, e o 15º que ocorreu na Hungria.

– IV Workshop Latino-Americano de PGPR: trata-se de uma reunião recente, baseada em pesquisa e aplicação de Rizobactérias Promotoras de Crescimento de Plantas (PGPR). A 1ª reunião foi em 2012 na Colômbia como parte da 9ª Conferência Internacional de PGPR. Em 2014, foi organizada o 2ª workshop na Argentina, e em 2016 aconteceu no Chile. Neste ano, 2018, o evento tem a proposta de integrar, buscando uma discussão da aplicação de novos conceitos, métodos, descoberta de novos organismos e utilização de organismos diazotróficos/PGPRs no campo.

– XIX Relare: a Rede de Laboratórios para recomendação, padronização e difusão de tecnologia de inoculantes microbiológicos de interesse agrícola e plantas e o desenvolvimento de produtos foi criada na década de 1980 para auxiliar a transferência da pesquisa para a indústria, normatizar regras para a certificação de produtos biológicos de qualidade e desenvolver o mercado nacional oriundo do uso de novos produtos.  O principal objetivo deste evento é unir a pesquisa básica, desde a identificação de ativos biológicos, evolução, mecanismos de atuação, manutenção de coleções até o desenvolvimento tecnológico e a aplicação dos microrganismos como uso agrícola.

O público alvo são universidades, instituições de pesquisa, empresas de biotecnologia e insumos, representantes do poder público e produtores rurais de forma a transferir conhecimento, discutir métodos e novas descobertas e atualizar os participantes dentro do que há de mais novo sobre o tema e sua aplicação. O evento também permitirá trazer empresas nacionais e internacionais, que se utilizam deste conhecimento para desenvolver produtos agrícolas de comprovada eficiência agronômica e certificados para aplicação nos diferentes cultivos.

Serviço:
XVI Simpósio sobre Fixação Biológica de Nitrogênio em Não-Leguminosa
IV Workshop Latino-Americano de PGPR
XIX Relare

Local: Foz do Iguaçu, Paraná
Data: 26-31 de agosto de 2018
Inscrições: www.mpcp2018.com.br

 

Fonte: Embrapa