O mercado de adubos comercializou em janeiro um recorde de 40% do volume esperado para o ano no Brasil, disse nesta quinta-feira o vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes, Eduardo Monteiro, e a expectativa é que 2021 registre a máxima histórica de demanda em torno de 40 milhões de toneladas.

Segundo o executivo, o setor de fertilizantes cresceu entre 6% e 7% no Brasil em 2020, apesar dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19.

Agora, o ano começou “excepcional”, com agricultores antecipando compras diante das boas condições do mercado de grãos.

“(Cerca de) 40% do volume de fertilizantes anual foi vendido em janeiro, nunca chegamos em um número desse nível. Isso pavimenta um cenário extremamente positivo para 2021”, afirmou durante debate transmitido pela internet.

O diretor de suprimentos e assistência técnica da cooperativa Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, disse que os preços dos fertilizantes tiveram altas recentes, mas como as cotações das commodities agrícolas encontram-se em patamares ainda mais elevados, a relação de troca favorece o agricultor.

Ele afirmou que a rentabilidade positiva permite que o produtor faça suas compras não só de adubos, como de outros insumos. “Adquirimos cerca de 40% do fertilizante que vai ser usado na safra 2021/22”, confirmou, citando a safra que será plantada a partir de setembro.

O diretor da mesa de fertilizantes para a América do Sul da StoneX, Marcelo Mello, destacou que a movimentação de compras para a temporada 2021/22 tem ocorrido desde meados de outubro do ano passado.

“A relação de troca realmente está muito boa, mas quem não tem mais soja para negociar e for depender da precificação da soja para março/22, acabará tendo uma penalização… Essa cotação futura é quase 20% mais baixa do que a março/21”, alertou.

Ele lembrou que o adubo representa de 30% a 35% do custo de plantio de grãos e pode impactar o produtor que não fizer o adequado gerenciamento de risco sobre a variação de preços.

Expansões

Considerando que o Brasil importa quase 80% dos adubos que consome, o vice-presidente da Mosaic ressaltou que a companhia está otimista em trabalhar junto ao governo com o novo Plano Nacional de Fertilizantes, para expandir a produção e reduzir a dependência externa.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que institui a criação de um grupo de trabalho interministerial para desenvolver o programa de fertilizantes, partindo do pressuposto que o insumo será necessário para expandir a produção agrícola do país.

Também presente no evento desta quinta-feira, o CEO da consultoria Céleres, Anderson Galvão, disse que a tecnologia embarcada e o melhoramento genético visto na agricultura impulsionam a demanda por nutrição vegetal no Brasil.

“O produtor teve rentabilidade em 2019 e 2020… o bom agricultor, quando tem rentabilidade, investe no solo. É praticamente certo que vamos passar da barreira de 40 milhões de toneladas para fertilizantes no Brasil este ano”, estimou.

Mercado global e preços

O diretor da StoneX disse que, assim como no Brasil, os principais países consumidores de fertilizantes tiveram demanda excelente para “NPK” (nitrogênio, fósforo e potássio) em 2020 e há projeção de consumo firme neste ano.

“Observamos aperto de oferta (global) e aumento de demanda, então temos perspectiva de preço firme para fertilizantes”, acrescentou Monteiro, da Mosaic.

O executivo destacou que, ao lado dos brasileiros, existe forte demanda vinda dos Estados Unidos, China e Índia.

Do ponto de vista da oferta, Monteiro lembrou que a indústria chinesa passou por problemas operacionais no início da pandemia do novo coronavírus, e os fosfatados passaram por uma leve redução da oferta, enquanto o consumo global subiu cerca de 3%.

Para o potássio, ele cita um crescimento de demanda na ordem de 4% em 2020, acompanhado por estabilidade na oferta.

“Sendo assim, vemos fósforo e potássio com preços mais firmes, e nitrogênio com alguma volatilidade”, afirmou.

Mello, da StoneX, garantiu que, apesar da oferta ajustada, não há risco de faltar fertilizantes no mercado. Então, o que se projeta é um rali de preços globais.

Fonte: Reuters